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Austral aposta em recuperação de riscos do petróleo
2017-04-27
Fonte: Risco Seguro Brasil
Apostando na retomada do setor de petróleo e gás no Brasil, a Austral Re está expandindo sua presença na área de riscos de energia.A empresa contratou Elias Silva Júnior para desenvolver a atuação da empresa em um segmento que enfrentou um duro período nos últimos anos, mas vê a possibilidade de dias melhores pela frente.A indústria petroleira foi severamente atingida desde 2015 pelos efeitos da operação Lava Jato, que começou investigando escândalos centrados na Petrobras, e pela dramática desaceleração da economia brasileira.Para completar a “tempestade perfeita”, o preço do petróleo despencou, chegando a menos de US$ 30 por barril no mês de março de 2016, o que deprimiu ainda mais os investimentos no setor.A falta de atividade atingiu o mercado segurador, que viu os prêmios de riscos de petróleo caírem quase pela metade entre 2013 e 2016 (de R$ 720 milhões para R$ 390 milhões).Mas a retomada do preço do petróleo para cerca de US$ 50, a incipiente melhoria do cenário econômico doméstico e as mudanças das regras de exploração das reservas do pré-sal estão reanimando as empresas de seguros e resseguros que trabalham com o setor.“O fim da exigência de participação da Petrobras nos projetos do pré-sal facilita a atração de novas empresas para o Brasil”, disse Silva Júnior a Risco Seguro Brasil. “A tendência é que a atividade no setor volte a ser igual ou superior à do auge da indústria do petróleo no Brasil, em 2013 e 2014.”Pulverização do risco“O setor de seguros vai voltar a ter oportunidades neste segmento, e nós estamos nos preparando para oferecer capacidade para o mercado”, acrescentou o executivo.O mercado de seguros de petróleo apresenta uma elevada parcela de utilização de resseguro, no que a Austral identifica como uma oportunidade para as resseguradoras locais.Segundo Silva Júnior, que antes trabalhava no IRB Brasil Re, a média de transferência de prêmios ao resseguro chega a 85%, devido a alta intensidade dos sinistros que podem potencialmente afetar o setor.Só para ter uma ideia, a BP estimou que o custo total do grande vazamento de petróleo em uma de suas plataformas no Golfo do México (EUA), em 2010, chegou a quase US$ 62 bilhões – cerca de R$ 195 bilhões no câmbio atual.Os próprios mercados de resseguros tendem a pulverizar muito estes riscos, dividindo as exposições em consórcios formados por vários atores globais.“É um mercado extremamente dependente do resseguro”, afirmou Silva Júnior. “Ninguém fica com 100% do risco.”Além do Brasil, a Austral planeja expandir sua oferta no ramo de energia para outros países da América Latina onde opera, como Colômbia e Equador, que são importantes produtores de petróleo.Silva Júnior afirmou que a Austral vai atuar em todas as coberturas disponíveis na cadeia do petróleo, desde a construção até riscos operacionais e a operação dos poços.A empresa está estruturando sua área de energia e Silva Júnior espera que já comece a operar no segmento em junho deste ano, para aproveitar uma esperada retomada de negócios no setor em 2018.Duro para todo mundoNão é só no Brasil que o mercado de riscos de energia anda complicado, porém. Segundo relatório da Willis Tower Watson, o principal centro de resseguros para o setor viu uma queda significativa no volume de prêmios nos últimos dois anos.Segundo a corretora, em 2014, os prêmios de seguros de energia do mercado Lloyd’s chegavam a mais de 1 bilhão de libras. No final de 2016, não passavam de 700 milhões.Isso porque os preços estão sob pressão de baixa devido a uma abundância de capacidade no mercado internacional. A empresa estima que, para as atividades de exploração, a capacidade global chega a US$ 7,72 bilhões, comparado com US$ 7,56 bilhões no relatório anterior, divulgado no ano passado.Nas atividades downstream, ou seja, de refino e distribuição, a capacidade aumentou de US$ 6,19 bilhões para US$ 6,5 bilhões, e para cobrir riscos de responsabilidade das empresas de energia, de US$ 3,2 bilhões para US$ 3,3 bilhões.Além disso, a competição está cada vez mais dura, com um número crescente de resseguradoras mostrando disposição para assumir posições de liderança em contratos para todos os tipos de risco.A Willis Tower Watson observa que, apesar do mercado difícil, os portfólios de risco de energia continuam dando lucro para o setor. Mas também alerta que mesmo um modesto aumento nos níveis de sinistralidade pode reverter esta situação.