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    Um resumo dos debates e estudos do 6º Encontro de Resseguro

    2017-04-07

    Fonte: Sonho Seguro

    Passados 10 anos da promulgação da abertura mercado brasileiro de resseguros, o resultado é comemorado por todos. Mesmo faltando alguns ajustes nas regras, o Brasil já é considerado um mercado global. O setor conta com 123 resseguradores entre os maiores do mundo para ofertar capacidade e produtos aos clientes brasileiros”. Dos 40 maiores grupos resseguradores mundiais, 38 operam regularmente no Brasil. Veja abaixo um resumo dos temas debatidos no 6º Encontro de Resseguro, realizado entre os dias 5 e 6 de abril, no Rio de Janeiro, divulgados pela CNseg.
     
    Resseguro Abertura – Mais de 600 executivos participaram da abertura do evento que comemora os 10 anos de mercado livre desse importante braço de suporte das operações de seguros no País. O evento teve recorde de público e de patrocinadores. Em discurso, o presidente da CNseg, Marcio Coriolano, assinalou que o mercado de seguro demostrou resiliência mesmo com o agravamento da crise econômica, ao exibir expansão nominal bastante razoável. No ano passado, o mercado cresceu 9,2%, alcanç ;ando, sem contar com saúde suplementar, R$ 239 bilhões em 2016. Com a inclusão do faturamento estimado das operadoras de saúde, na casa de R$ 160 bilhões, a chamada receita do mercado ampliado de seguros atingiu quase R$ 400 bilhões. “Em 2016, ano crítico para o País, depois de um 1º trimestre decepcionante, as taxas se recuperaram gradativamente e, ao final do ano, obtivemos crescimento de 9,2%, portanto apenas um ponto percentual abaixo do ano anterior”, destacou Coriolano, segundo divulgou o portal da CNseg. “Neste início de ano, os números dos dois primeiros meses apontam para uma satisfatória estabilidade, já que, em fevereiro, considerando-se o acumulado dos últimos 12 meses, alcançamos uma evolução de 10,6% sobre igual período do ano anterior, voltando, portanto, ao mesmo nível de 2015”, lembrou ele.
     
    Resseguro Cenário – O presidente da Fenaber, Paulo Pereira, fez um breve balanço dos 10 anos de mercado de resseguros livre. No período, o mercado saiu de um órgão monopolista de resseguros para 128 players presentes no País; e a receita pulou de R$ 3,8 bilhões por ano para os atuais R$ 10 bilhões de 2016, destacou ele, reclamando que ainda há alguns nós regulatórios que podem frear o potencial de crescimento. Pereira destacou o parecer da Receita Federal sobre o Imposto de Renda do ressegurador admitido, que, por esse entendimento, deve pagar o imposto como s e fosse local. “O impacto pode ser muito grande, com consequências imprevisíveis”, afirmou. Pereira criticou também o projeto de Lei do Seguro já aprovado na Câmara e que será votado no Senado: “Entendemos que resseguro não deve ser tratado como seguro. Colocar os dois na mesma lei pode confundir o Judiciário.”
     
    Resseguro Incentivos – Terminou ontem o evento promovido pela CNseg no Rio. A conclusão foi que o mercado avançou muito nesses 10 anos, mas é necessário reduzir entraves como a excessiva burocracia e a elevada carga tributária que recai sobre as resseguradoras. Segundo o presidente do IRB Brasil Re, Tarcísio Godoy, que falou hoje na plenária “Perspectiva para o Seguro e o Resseguro no Brasil”, só 10% dos prêmios segurados no país são ressegurados. “Há grande espaço para avançar”, disse. “Mas precisamos competir em igualdade de condições com as estrangeiras para transformar o Brasil em polo ressegurador.” Hoje as resseguradoras nacionais pagam 45% de tributos sobre a atividade. “É quase um confisco”, afirmou.
     
    Resseguro Custo Brasil – No mesmo painel, o presidente da Transatlantic Reinsurance Company, Javier Vijil, reclamou do custo da atividade no país. “O custo Brasil é significativo. Os resultados são muito baixos, o que torna o mercado brasileiro menos atraente. Os novos donos do capital no exterior exigirão maiores retornos, pelo risco do capital investido”, disse. “É preciso tornar o mercado fácil para que as empresas atuem e baratear o produto para o cliente.” Para ele, porém, o balanço dos dez anos de mercado aberto no Brasil &eac ute; positivo. “Provavelmente poderia ser melhor, mas foi um passo na direção correta.”
     
    Resseguro Internacionalização – Rodrigo Botti, da Terra Brasis Resseguros, destacou a necessidade de as companhias brasileiras do setor se internacionalizarem, principalmente na América Latina, devido aos riscos de catástrofes naturais nos países próximos, como terremotos e tsunamis. “O Brasil está muito bem posicionado para absorver parte desses riscos, para ajudar nossos vizinhos, oferecendo serviços de resseguro. É uma oportunidade que nós temos, bastante significativa.”
     
    Resseguro Economia – o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fábio Kanczuk, destacou a melhoria do ambiente econômico no país, em consequência de medidas como a emenda do Teto dos Gastos e as reformas trabalhista e previdenciária. “O país começou a dar sinais positivos e finalmente está saindo da recessão”, afirmou. “O problema é que nos últimos anos as empresas se alavancaram muito, as famílias se endividaram, e esse processo ainda tem que terminar. Não d&aa cute; mais para ter crédito subsidiado.” Em relação à Previdência, Kanczuk disse que o governo pretende acabar com “pseudogenerosidades”. “Se conseguir acabar com elas, o sistema se equilibra e tudo melhora. O motivo mais explícito para a reforma é que o país vai quebrar e as pessoas não terão aposentadoria nenhuma.” Já em relação ao mercado de seguros e resseguros no Brasil, que hoje representa cerca de 4% do PIB, Kanczuk vê também grande potencial de crescimento. “O seguro é um bem superior, vai crescer bem mais que o PIB.”
     
    Resseguro Saúde – houve consenso de que é necessário ampliar o mercado de resseguro na área de saúde, sobretudo para atender às pequenas e médias seguradoras, mais suscetíveis a problemas financeiros. Leandro Fonseca, diretor de Normas e Habilitação das Operadoras da ANS, disse que “o resseguro é uma forma potencial de diminuir esses riscos em operações do mercado”. “Estamos falando de um negócio de R$ 160 bilhões e com possibilidade muito grande de crescimento”, afirmou Valter Hime, diretor da Sompo Saúde Seguros. Arthur Sanches, responsável pela área de Subscrição de Contratos Automáticos, Vida e Saúde da Terra Brasis Resseguros, explicou que o resseguro funcionaria como uma cobertura extra para amenizar os custos de procedimentos médicos imprevistos. A mediação do painel foi do advogado e consultor Antônio Penteado Mendonça.
     
    Resseguro Fundos e D&O – Fábio Torres, consultor jurídico na área de seguro e resseguro, enfatizou a importância da transparência para a regulação dessa modalidade de cobertura, voltada para administradores de empresas e instituições. Segundo ele, é fundamental que as informações do sinistro sejam especificadas de acordo com a área de atuação da empresa envolvida, de forma a não permitir subjetividades na análise dos casos. “Se não houver transparência, em hipótese a lguma pode haver seguro de D&O.” O painel, mediado por Gustavo Galrão, coordenador da subcomissão de Linhas Financeiras da FenSeg, teve ainda a participação de Vinicius Caldas de Lucca Souza, diretor de Financial Lines da JLT Brasil Corretora de Seguros.
     
    Resseguro Brexit – O chefe da Lloyd´s para a América Latina, Daniel Revilla, disse que a saída do Reino Unido da União Europeia não afeta em nada as empresas brasileiras que contratam seguros e resseguros em Londres. De acordo com ele, o Brexit atingirá apenas as relações das resseguradoras britânicas com as companhias europeias, que representam 11% do faturamento da Lloyd´s (contra 45% das empresas norte-americanas). Essas relações, disse, ainda serão acertadas entre a UE e o governo britânico.”Se os objetivos n ão forem alcançados, mercados como Bermudas e Cingapura vão aproveitar o vazio e abrir escritórios na Europa.”
     
    Resseguro Cyber – O prejuízo causado pelos ataques cibernéticos no mundo chegam, hoje, à casa dos US$ 90 bilhões por ano, segundo novos dados do Interamerican Development Bank. Na América Latina os dados são preocupantes: 11% de todos os negócios no continente sofreram com ofensivas cibernéticas nos últimos 12 meses. O levantamento, feito pela especialista da TransRe, Kara Owens, palestrante de hoje à tarde no painel “A Evolução do Risco Cibernético e seu Impacto no Seguro”, mostra que o Brasil registrou em 20 15 crescimento de quase 200% dos casos de ataques cibernéticos, em relação ao ano anterior. “Há 10 anos não se pensava em dispositivos médicos e TVs sendo hackeados”, comentou. Além das empresas de grande porte, observa-se o crescente interesse das médias e pequenas empresas na contratação de seguros contra riscos cibernéticos.
     
    Resseguro Futuro – Na plenária “O Futuro das Organizações”, o palestrante Tiago Matos, da empresa Perestroika, enfatizou a necessidade de as companhias se adaptarem à nova era digital, que segundo ele vai substituindo a era industrial. “O mercado digital vai predominar, mas muita gente vai se apegar à era industrial, que é cada vez menor e vai ficar irrelevante.” As mudanças, afirmou, vão afetar totalmente a organização interna das empresas. “Elas têm que entender que não existe um grupo de pessoas q ue sabe mais e outro que sabe menos. Não pode existir hierarquia. Todos sabem algo e devem trocar conhecimentos.” No mesmo painel, a subscritora de Responsabilidade Civil da Swiss Re Brasil, Katia Miyaki, disse que os clientes hoje estão 100% conectados e exigem novas formas de contato com a empresa. “Temos que nos adaptar, é uma questão de sobrevivência. O primeiro passo é uma mudança de mentalidade, para entender as novas tecnologias e produzir coisas mais interessantes.”
     
    Resseguro Saúde – O diretor presidente da ANS, João Carlos de Souza Abrahão, voltou a pedir que as resseguradoras criem planos para as operadoras de saúde, lembrando que a agência reguladora, nesse sentido, têm feito ações para ampliar a transparência e governança do setor, necessárias para dar a previsibilidade exigida nos negócios de resseguros.
     
    Resseguro Susep – O superintendente da Susep, Joaquim Mendanha de Ataídes, destacou estudos para aproximar as práticas das seguradoras e resseguradoras brasileiras dos mercados globais e deu a entender que, na próxima reunião do CNSP deverão ser aprovadas novas medidas em prol do fortalecimento de seguros.
     
    Resseguro Macroeconomia – Na plenária “Perspectivas para a Economia no Brasil”, mediada por Claudio Contador, da ENS, o economista Alexandre Schwartsman, do Insper, analisou as razões da crise brasileira, ressalvando que já se nota “algum progresso”: “O país vem num processo de recuperação, mas bastante lento”, afirmou, destacando a queda recente da inflação e dos juros, segundo release divulgado pela CNseg. “A queda dos juros deve ter o efeito de deter o processo de queda das vendas e dos investimentos.” Ele lembrou também a aprovação da PEC do Teto dos Gastos como positiva para reequilibrar a economia e as contas do governo. “Estamos bastante perto do final da recessão.” Para Schwartsman, o principal problema brasileiro é a questão fiscal, já que as despesas federais cresceram de menos de 14% do PIB, em 1997, para quase 20% em 2016. A maior parte dessa expansão, disse, foram as aposentadorias, que representavam 4,9% dos gastos há 20 anos e saltaram para 8,1% no ano passado. “E o Orçamento no Brasil é bem inflexível. A capacidade do governo de mexer nas suas despesas é menos de 10%”, disse. Segundo ele, a questão fiscal só será resolvida com aprovação da reforma da Previdência, que gasta, entre pensões e aposentadorias, de 12% a 13% do PIB, podendo alcançar 20% em 15 anos. “Na ausência da reforma previdenciária, o te to de gastos não se sustenta”, afirmou.
     
    Resseguro Crescimento Sustentável – “A fragilidade da classe média e suas consequências para o seguro” foi o tema do painel apresentado por Alexandre Leal, diretor executivo técnico da CNseg. O palestrante Walter Stange, fundador e sócio da ARS Advanced Risk Solutions, traçou um histórico do surgimento da chamada nova classe média em países como o Brasil. Segundo ele, é preciso estabelecer bases mais sustentáveis para o crescimento dessa classe, que está no centro da atual crise econômica e enfrenta problemas sistêmicos, como o en dividamento excessivo. Tais bases consistiriam em educação financeira e um maior incentivo governamental à cultura do seguro. Para ele, o crescimento sustentável depende de um planejamento de médio e longo prazo.
     
    Resseguro Vida – As soluções mais eficientes de subscrição em seguro de vida, que segundo pesquisas divulgadas nos paineis técnicos precisam ser adotadas para elevar a penetração no Brasil, seriam aquelas que permitissem ao segurador e ao ressegurador identificar o real risco do consumidor para precificá-lo da melhor forma. Como exemplo de inovação, Alessandra Monteiro, subscritora do IRB-Brasil Re, citou a subscrição através de reconhecimento facial. Com uma simples selfie do proponente é possível observar padrões relacionad os a saúde, levando em consideração as características da face. Com a imagem o programa pode identificar informações relacionadas a idade, gênero, IMC e hábito de fumar, explicou Alessandra. Outra ferramenta interessante é a inteligência cognitiva, que otimiza o uso de informações disponíveis para melhorar a análise e subscrição do risco. Os gadgets de monitoramento também são uma ferramenta interessante e já há seguradoras criando os seus próprios para monitorar o cliente e desenvolver soluções personalizadas, elaborando estudos comportamentais, conta a revista Apólice.
     
    Resseguro Vida Pesquisa – Para identificar a barreira que impede o consumo de seguro foi realizada um pesquisa com consumidores que revelou as seguintes barreiras para o consumo: Comunicação 25%, Preço 23%, Recompensas 21% Melhores serviços 20%, Personalização de produtos 18%.