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    Mercado de resseguros cresceu 12% no Brasil e quer atrair América Latina

    2016-04-07

    Fonte: DCI

    O segmento de resseguradoras cresceu 12% no Brasil no ano passado e o setor aposta na aproximação com clientes de outros países da América Latina para aumentar suas receitas nos próximos anos.
     
    Um projeto divulgado no 5° Encontro de Resseguros realizado no Rio de Janeiro pretende possibilitar a subscrição de riscos internacionais para resseguradoras instaladas no Brasil. O objetivo é atrair 10% do mercado da América Latina e dobrar mercado de resseguros do País que, atualmente, encontra-se em U$ 2,5 bilhões.
     
    O Polo Nacional de Resseguros já está em fase final de avaliação, e será enviado para aprovação do Ministério da Fazenda até junho deste ano.
     
    De acordo com o presidente da Federação Nacional das Resseguradoras (Fenaber), Paulo Pereira, o projeto tem “grandes chances” de melhorar os impactos da atual situação econômica no setor.
     
    “Nós estamos criando condições para que os resseguradores se instalem no Brasil para subscreverem riscos de fora do País, principalmente da América Latina. O mercado brasileiro de resseguros hoje é de U$ 2,5 bilhões e o da América Latina é de U$ 21 bilhões. Portanto, se conseguirmos atrair 10% desse mercado, nós estaremos dobrando de tamanho. Além disso, os investimentos também serão diferentes, algo completamente fora do que vemos hoje”, avalia.
     
    Segundo Pereira, as principais empresas do setor já operam no País, mas estão pagando altos impostos e, ainda, concorrendo com o mercado internacional, o que acaba por tornar-se um impeditivo de aderência de resseguradoras do exterior. Ele ressalta, porém, que a proposta para atraí-las para o Brasil é criar incentivos tributários para as empresas locais, com uma alíquota de imposto de renda diferenciada sem que ocorra, no entanto, uma renúncia fiscal.
     
    “Os resseguradores já operam na América Latina e, para que eles queiram mudar para cá, eles vão precisar de um bom motivo, e nós teremos que construir esse bom motivo. O desafio é grande, porque isso significa que teremos que mudar o nossos ambientes regulatório, trabalhista e tributário também. Se a gente conseguir aprovar isso e fazer com essas empresas entrem, o Polo estará formado e será visível que, quem não estiver aqui, vai perder negócio”, avalia.
     
    De acordo com a regulamentação determinada desde a abertura do mercado, em 2007, para operar como uma resseguradora local, a empresa deve abrir uma sede no País e atuar com um capital mínimo de R$ 60 milhões mais o valor proporcional ao tamanho de suas operações locais.
     
    Roberto Westenberger, superintendente da Susep, ainda destaca que o governo está bastante interessado na proposta e que, em âmbitos gerais, o rebaixamento da nota de risco de bom pagador do Brasil, não influenciará na execução do projeto.
     
    “O polo vai ser um núcleo fora da economia e das regras brasileiras negociais. A única coisa que o Brasil será é um hospedeiro físico para esses resseguradores. A gente, então espera que o Polo sinalize para o próprio governo que será alinhado à regulamentação internacional e não à nacional. As leis trabalhistas terão que ser adaptadas”, destaca ele.
     
    O mercado de resseguros cresceu 12% no ano passado. “Especificamente para resseguros, o crescimento está intimamente ligado ao desenvolvimento do PIB (Produto Interno Bruto). A resiliência do mercado, no entanto, tem sido muito importante e refletiu em um crescimento nominal em 2015 de 12% mesmo vivendo uma época de crise”, identifica Paulo Pereira, da Fenaber.
     
    Em sua avaliação, apesar de 2016 já estar apresentando uma situação um pouco pior do em relação ao ano passado, ainda existem possibilidades.
     
    O presidente ainda ressalta que o avanço, no entanto, dependerá da força das resseguradoras no momento de crise, que devem se empenhar para sair do modelo de elaborar produtos para carteiras e começar a criar seguros mais específicos para cada caso.
     
    “O mercado está suprindo a demanda do mercado brasileiro e isso não há sombra de dúvida. Além disso, muitas startups usam o capital de resseguros ao invés de seu próprio capital porque é mais barato. Assim, o segmento pode, sim, ajudar muito para a expansão do mercado brasileiro, mas é hora dos resseguradores desenvolverem produtos que se ajustem ao momento”, diz.
     
    Paulo Botti, presidente da Terra Brasis Resseguros, ainda avalia o mercado tem um grande espaço para crescer. “A distribuição do prêmio do mercado de resseguros, em 2015, que foi de R$ 10 bilhões, dividiu-se em R$ 2,7 bilhões para resseguradoras offshore e R$ 7,3 bilhões para resseguradoras locais. Além disso, no Brasil, 47% dos prêmios são de seguros e apenas 16% de resseguros, o que significa que a indústria brasileira tem capacidade de captar isso “, afirmou. /A repórter viajou ao Rio de Janeiro a convite da CNSeg.