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    Susep mira supervisão eletrônica do mercado

    2015-06-17

    Fonte: CNSeg

    Primeiro palestrante do CIAB 2015, evento de tecnologia bancária promovido pela Federação dos Bancos (Febraban), Paulo Vianna, presidente do Comitê de Estudos e Pesquisas da Superintendência de Seguros Privados (Susep), disse que “o grande projeto da Susep é ter a supervisão eletrônica de todas as empresas que compõem o mercado”.
     
    Segundo ele, “o projeto de supervisão eletrônica é o pontapé inicial para o Big Data”. E, acrescenta, gerar informações para consumo interno, como controlar a solvência e proteger o consumidor; fornecer informações para a Receita Federal; e responder a uma série de demandas com mais celeridade, como o cruzamento do seguro com o despacho da carga, o bloqueio do CPF pela Justiça, hoje feito manualmente por meio de carta; pedidos do Coaf e também do próprio mercado, entre outros. “Esse projeto vai facilitar muito atender a todas essas demandas”, explicou.
     
    O grande benefício é automatizar o Big Data, mas há outras vantagens, como atualização tecnológica e mais segurança aos dados que a Susep recebe hoje. De acordo com ele, o custo será diluído ao longo do tempo, com eliminação de redundâncias e dados agregados. “Isso ajudará a reduzir a frequência e escolha das alterações nos dados requisitados”, destacou. Entre as oportunidades do projeto de TI da autarquia, Vianna citou a realimentação com dados consolidados e estatísticos, bem como maior transparência do mercado e maior eficiência regulatória.
     
    “Estamos focando a regulação na tecnologia. O mais desafiador do projeto é como viabilizar, pois o setor público tem limitações. Vamos precisar de um parceiro nesse projeto, assim com tem o Tesouro Nacional, que desenvolveu o Tesouro Direto em parceria com BM&F, ou o Banco Central com a Cetip no plano de regulação. Também não se descarta que a Susep desenvolva sistemas necessários internamente. Mas dependemos de recursos e isso levaria um tempo maior do que ter uma parceira de peso nos auxiliando. Estamos estudando os riscos e benefícios de todos esses caminhos, mas vamos mergulhar de vez na regulação online. É um caminho sem volta”, afirmou.
     
    DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA AS SEGURADORAS
    As oportunidades do setor foram mostradas aos executivos presentes ao encontro por Alexandre Leal, superintendente de Regulação da CNseg. Ele cita que a crise ainda não chegou ao mercado de seguros, segundo mostram os números do primeiro quadrimestre, com avanços de dois dígitos. “O setor vem crescendo nos últimos anos uma média de 15% ao ano na última década e neste ano a previsão é de 12,4%”, citou.
     
    Segundo ele, com uma inflação estimada em 8%, crescer 12% ainda mostra um crescimento real relevante diante da retração observada na economia- projeta-se PIB com queda acima de 1%.
     
    Entre os desafios, Leal destacou o quadro macroeconômico. “O aumento da renda e ter a inflação controlada são importantes para o setor de seguros ter um desenvolvimento interessante. Não somos uma ilha. Se houver piora nos indicadores, o setor será afetado”, comentou.
     
    Na área regulatória, ele citou o Risco de Mercado e o Risco Operacional. “Ambos precisam ter as normativas aprimoradas e significam um grande desafio para as seguradoras, que estão correndo atrás para reestudar seus processos e pontos de controles. Isso vai demandar muitos investimentos financeiros e de recursos humanos”.
     
    Ele disse ainda que aspectos contábeis e gestão de risco, com o fortalecimento de boas práticas e políticas de supervisão baseada em risco, com requisitos mínimos para gestão de riscos de forma integrada (ERM) e a definição de critérios de autoavaliação de riscos e solvência (Orsa) estão na lista de desafios do setor. “Isso sem falar no uso de tecnologias para venda de seguros por meios remotos”, ressaltou. De acordo com ele, há muitas coisas na regulamentação de meios remotos que podem ser melhoradas.
     
    Entre os desafios tecnológicos, ele comenta que as seguradoras são menos digitalizadas do que bancos. Menos da metade das companhias consegue apresentar seus produtos digitalmente, segundo pesquisas do setor com base em dados mundiais. “Os bancos já fizeram grandes investimentos, e as seguradoras começam a trilhar esse caminho, superando as dificuldades regulatórias”, disse. Leal acredita que a tecnologia cria um novo ambiente de negócios, algo que exigirá parcerias diferenciadas entre as seguradoras e empresas diversas interessadas no setor.
     
    A digitalização, além de mudar a comunicação da seguradora com seus clientes, também abre novos mercados. “Toda essa integração das mídias sociais gera muitos negócios, como a oferta de produtos ao se detectar que um cliente está planejando uma viagem”, cita. Também ajuda no combate a fraudes, como um segurado que declarou não ser fumante em um questionário de saúde e aparece nas mídias com um cigarro na mão”, acrescentou. “O uso da tecnologia, mais do que um desejo, é uma necessidade. Há varias desafios, mas com certeza traz muitas oportunidades”, concluiu.