• Página Anterior

    Brasil se insere em contexto internacional de resseguros

    2021-03-25

    Fonte: Valor Econômico, Por Denise Bueno

    A pandemia trouxe perdas expressivas para as resseguradoras, responsáveis por pagar o excesso de perda das seguradoras. E isso resulta em elevação de taxa, de franquias e condições mais duras, com exclusões. No Brasil, além dos impactos no cenário internacional, o arcabouço regulatório está em revisão pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). 
     
    “Em quase todos os contratos de resseguros que estamos renovando existe a solicitação de inclusão de cláusula de exclusão de doenças transmissíveis, aumento de taxas e de franquias”, conta Juliana Kazumi Chen, responsável por resseguro na Fator Seguradora. Os principais reajustes estão em seguros de responsabilidade financeira e profissional, principalmente em D&O e cyber. “Em segmentos como geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia, bem como produção, esses aumentos foram bem significativos”, informa Paul Conolly, diretor de resseguros da Marsh. 
     
    Ninguém ainda sabe dizer ao certo quanto a pandemia vai custar para ao setor. O Lloyd’s of London, maior mercado de seguros do mundo, estimou perdas mundiais superiores a US$ 200 bilhões em todo o setor. As duas principais resseguradoras, Swiss Re e Munich Re, divulgaram perdas de quase US$ 4 bilhões com a pandemia em 2020, cada uma. 
     
    “O grupo fez reservas para pagar as indenizações decorrentes, principalmente de perdas com seguros de cancelamento de eventos, saúde, vida, setor aéreo e lucro cessantes, entres os principais”, enumera Fred Knapp, responsável por resseguro no Brasil e Cone Sul da Swiss Re. No entanto, 2021 é um ano visto com otimismo, especialmente no Brasil, diante das perspectivas de novos negócios, como seguros cibernéticos, paramétricos, que estão na pauta do Ministério da Agricultura, e oferta de capital para insurtechs avançarem no setor. 
     
    O resseguro no Brasil, com vendas de R$ 11,6 bilhões em 2020, acima dos R$ 9,7 bilhões de 2019, passa por muitas mudanças, inclusive regulatórias. Nos bastidores da Superintendência de Seguros Privados (Susep) há uma intensa movimentação, com perspectiva de revisão de todo o arcabouço infralegal de resseguros, em linha com o estabelecido pela Lei Complementar nº 126/2007 e a Lei nº 13.874/19 (Lei da Liberdade Econômica). Neste contexto, a Susep vem implementando modernizações e simplificações. Assim, questões como limite de cessão em resseguros e retrocessão, diferenciação entre locais, admitidos e eventuais e outros pontos, estão na pauta de revisão, conta o diretor da Susep, Igor Lourenço. 
     
     
    Uma das preocupações do setor é se acabará a preferência para locais. “Este tema está sendo discutido no âmbito da Susep e do governo federal e, atualmente, há consenso em relação à necessidade de revisão da lei que trata de resseguros, o que inclui a flexibilização do regime da oferta preferencial. Porém, o assunto depende de apreciação e deliberação do Congresso Nacional”, informa Lourenço.